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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Literatura Iliterada - "Inocentemente Eu" - 1ª parte


Antes de alguém pensar que estamos aqui a dizer seja lá o que for que nos vem à cabeça, preciso de apontar um detalhe a esta crítica: nós conhecemos a pessoa em questão. Contudo o facto de conhecermos alguém bem demais ou apenas de vista, não implica que estejamos proibidos de criticar essa pessoa. Afinal, "os verdadeiros amigos não são aqueles que nos iludem com mentiras, mas os que nos ofendem com verdades", é como diz esta frase bem pensada.
É o que vai suceder nesta crítica: temos que criticar uma conhecida, mas na esperança que ela tenha em conta aquilo que for aqui dito e procure fazer melhor o trabalho de casa dela enquanto escritora, de modo a conseguir uma carreira de sucesso, e não uma carreira fracassada como muitos que por aí andam, ou uma carreira conseguida com cunhas e pura sorte, como foi o caso de Stephanie Meyer, ou Gloria Tesch (embora muita gente já tenha tendência a notar a farsa por detrás dessas "escritoras exemplo"). Se alguém quiser a fama que não sonhe alto demais, muito menos que não a compre, porque senão num futuro que chegará rápido, tudo não passará de um sonho.
Contudo o objectivo desta crítica não é fazer reflexões pessoais, mas sim criticar o livro que aqui se encontra em questão, e é isso que vamos começar a fazer a partir de... AGORA!
O que podemos dizer desta "amostra" de obra literária que não difame a editora em questão? Se não é que a Corpus Editora já tenha uma fama muito decadente, pelo menos para os escritores portugueses. Já nos deparámos com excertos de livros desta editora que transbordavam de erros que fariam William Shakespere e Jane Austen sacar de uma navalha e cortar os pulsos violentamente até amputarem as mãos. De modo a explicar esta mórbida metáfora, colocamos a seguinte questão: como é possível permitirem que sejam publicados livros com tamanhas atrocidades?
Para melhor compreenderem o que dizemos, faremos uma isenta análise deste lívro, um post para cada capítulo. Concentrar-nos-emos não só nos aspectos negativos, mas também nos positivos (se é que os há).
A história foca-se em redor de uma mulher chamada Anabela, licenciada em Educação Básica e geriatria, mas a trabalhar como empregada de balcão, amigos a mais para os conseguirmos contar, um namorado chamado Dário (carinhosamente tratado por "Dádá"), e que gosta de sair para farras sempre que possa... E é tudo! Não estamos a brincar de forma alguma. A história foca-se numa rotina diária seguida por esta personagem. Nada mais e nada menos...
O prólogo não passa de uma simples apresentação da protagonista, do pobre do namorado, que em pouco ou nada adiciona à história, de algumas das milhentas amigas que vão passar pelo enredo (e cujas personalidades são tão complexas como um bocado de cartão), do irmão Alex, da sobredotada gata Alexia, do emprego como empregada de balcão, das explicações que dá a um menino chamado Bruno (e cuja presença é... inexistente), dos hobbies e termina com esse maravilhoso cliché: "o importante na vida é ter amigos, e eu tenho muitos…"
(para mal dos nossos pecados, tem mesmo...)
O 1º capítulo (intitulado "Presente Inesperado") começa com... rotina. Bem, não há muito mais que se possa dizer, apenas três linhas resumem um dia inteiro de trabalho... Oh, isto promete...
Ao chegar a casa, repara que recebe flores do Dário, o namorado jornalista, juntamente com um convite para jantar fora. Então ela faz questão de prestar um grande favor aos leitores e explicar que ambos se tratam de forma especial (ele trata-a por Bebé e ela trata-o por Dadá). Ao chegar ao restaurante, ambos pedem o que querem, e nessa altura a conversa deve ter sido ainda mais enfadonha que o próprio livro porque ambos só dialogam depois da sobremesa, com o Dadá a comentar o facto de a mousse de manga a deixar mais bonita que antes... Logo a seguir o Dadá oferece-lhe um lindo colar, com um coração azul igual ao que aparece no filme "Titanic"... Para quem se pergunta como é que o salário de um jornalista consegue pagar uma peça dessas, façam como a autora deste livro: não liguem à lógica.
Depois, foram ambos para casa dele, onde, na inocência de um casal super apaixonado, dançam até às duas da manhã. O Dadá então explica-lhe que ela podia ficar a passar a noite em casa dele porque ele tinha falado com o chefe dela e ao que parece ambos não tinham trabalho no dia seguinte... Ela não percebe à primeira, nem à centésima tentativa dele explicar isso (talvez porque o cérebro dela foi substituido pela mousse de manga), então o namorado tem de recorrer ao Pictionary para que ela perceba o que ele queria dizer...
No dia seguinte, e depois de terem tomado um pequeno grande almoço, arrumado e desarrumado a cozinha até à hora do almoço e terem visto um filme, a Anabela teletransporta-se automaticamente para casa... Para quem não perceber esta parte, digamos que ela num momento está a ver um filme com o Dadá e no momento seguinte está ela a jantar uma sopa de legumes enquanto recebe uma mensagem do namorado...
No dia seguinte, ela já dá uma maior ideia do que faz no café às Quartas-feiras: promoções especiais, papelinhos com descontos... eu quero lá saber...
Algumas amigas aparecem (nomes não são importantes, até porque as personagens também não o são) e depois de conversas vazias e um diálogo telefónico desprovido de interesse e narração, ela... vai-se embora... Mais um dia excitante na vida da Anabela...
Seguindo este prisma, nem é preciso dizer o que o dia seguinte trouxe à protagonista. Contudo, a descrição do dia foi substituida por uns desabafos da mesma, dizendo que estava cansada daquela rotina (vejam bem, até a protagonista está cansada do enredo do livro, e ainda vamos no primeiro capítulo), e que desejava ser uma daquelas professoras primárias que namoram com o professor de matemática, com o de química ou até mesmo com o de dança... Esperem lá; o quê?
Bem, ainda estamos na página 23 e já odeio a protagonista...
No dia seguinte, a tarde passada no café foi marcada pela presença de um estranho que aborda a Anabela e pede para que ela se sentasse com ele... Ela, com "bastante" relutancia (passo a ironia) lá aceita e depois de uma "grande" conversa esta nova personagem tornou-se no homem que mudaria a vida da Anabela para sempre...
Ok, na verdade, ele nunca mais aparece nem é referido...
À noite, o Dadá convida-a mais uma vez a jantar fora (meu Deus, quanto é que eles ganham para poder jantar sempre fora?) a um restaurante italiano. Depois, foram a uma "disco" onde dançaram e beberam e foi tudo um grande "pandam".
Dormiram ambos em casa dela, e depois da emocionante descrição do sonho que teve, acordou ao som de Corbin Bleu, e depois de um pequeno almoço, o Dadá levou-a ao "santuário"... Digo, shopping... "Um verdadeiro relaxamento e com cartão de credito ilimitado faz milagres a uma mulher." A sério, onde é que uma empregada de café vai buscar estes luxos?
À hora do almoço recebe um telefonema de Diogo (e vamos ficar por aqui, pois a nossa paciência para falar dele é tão grande como a sua personalidade), introduzindo um dos pontos centrais desta "história": o aniversário de uma personagem de diminutivo Bá. Então, as duas páginas e meio que se seguem mostram um diálogo fraco em que falam da festa surpresa e do que a aniversariante gosta, e terminam a marcar um encontro de grupo para tratar dos pormenores da festa.
E agora, atentem no diálogo que se segue:
"- Dadá?
- Diz, Bebé?
- Eu, na quinta, antes de ir para casa, fui à praia para dar um
mergulho, estava cheio de peixinhos. De repente apareceu
um assim - fiz a largura com as mãos , mostrando-lhe -
e com uma crista assim - mostrei-lhe o comprimento com
as mãos - e disse: “Anabela, vou-te comer!” e eu fiquei
assustada, amor.
- Bebé, os peixes não falam.
- Era o Nemo, idiota.
Resultado: Rimo-nos."


Ele não se riu.
No dia seguinte, reunem-se todos para planear a tal festa, e blá blá blá, nada de importante. No dia seguinte, a Bá liga à Bé (que imagem estranha) e a segunda diz à primeira que está a tirar umas férias forçadas, com o pretexto de tratar da contabilidade (sim, porque até então notou-se que ela não tinha tempo para se divertir nem tratar das coisas importantes, com a quantidade de trabalho que tinha no café...). O capítulo termina com ela a ligar para o SPA e marcar um tratamento para a aniversariante, sentindo inveja pela sorte da amiga.
Como avaliamos este capítulo? Ainda é preciso dizer?
É uma tortura ruminante que se arrasta por páginas e mais páginas. A protagonista é demasiado perfeitinha, mas ao mesmo tempo uma cabeça de vento, assim como a maioria das personagens que apareceram, a incoerência e os erros reinam em cada página e o enredo não cativa o suficiente para se pedir mais. Numa história, acreditamos que o início tem de saber seduzir o leitor, deixá-lo com água na boca e a pedir mais. Não pode ser uma compilação dos melhores momentos que foram registados num diário, e ninguém se interessa por essas coisas. Um livro tem de apresentar algo diferente, algo que deixe as pessoas divagar por um mundo no qual tudo é possível... E este livro não faz isso, muito prlo contrário.
E foi assim a critica ao primeiro capítulo do livro "Inocentemente eu". Mais três capítulos esperam-nos, mais "aventuras" da Bé esperam para serem relatadas... E podem estar seguros que vem aí mais rotina...

@Sarah Sampaio
@Tiago Costa

terça-feira, 3 de maio de 2011

Live Action - The Walking Dead

Neste primeiro post do separador "Live Action" apresento uma série que estreou em Novembro do ano passado (em Portugal, pois o primeiro episódio foi transmitido na América no dia 31 de Outubro) e que apesar de terem sido apenas emitidos seis episódios, foi um início promissor que arrebatou quase tanto sucesso como a BD na qual a série foi baseada. Falo de "The Walking Dead".


A série BD foi lançada em Outubro de 2003, tendo atingido rapidamente sucesso devido à sua complexa história e personagens cativantes. Foi escrita por Robert Kirkman, que conta a história do polícia Rick Grimes, um homem que fica gravemente ferido durante uma operação policial e que acorda no hospital, semanas depois, vindo a descobrir que o mundo à sua volta virou do avesso à medida que observa hordas de mortos-vivos caminharem na sua pacata cidade. Rick é prontamente ajudado por Morgan Jones e o seu filho Duane, e descobre que as pessoas da cidade evacuaram para Atlanta. Acreditando que a sua mulher Lori e o seu filho Carl possam lá se encontrar, Rick parte numa jornada para a grande cidade, acabando por encontrar a sua família, o seu melhor amigo Shane, e conhecendo um grupo peculiar de sobreviventes.


A primeira temporada da série segue o mais fielmente possível a primeira parte da série de BD, tendo algumas diferenças que em nada estragaram o desenvolvimento da história. Algumas personagens iniciais foram acrescentadas ao elenco que os fãs já conheciam, mas a própria série não se coibiu de as tirar do plano. Outras personagens da BD não apareceram, e fica no ar a possíbilidade de surgirem.


"The Walking Dead" não se trata apenas de uma história de um grupo de pessoas que enfrenta exércitos de zombies e luta para sobreviver num mundo dominado pelos mortos. Trata-se de uma prova de fogo, que os sobreviventes terão de passar para poderem viver num mundo que se virou contra eles. As personalidades de cada personagem são muito variadas, e é deliciante ver as alterações significativas que cada um sofre sempre que se vê sob tamanha pressão. A série BD não perdoa ninguém, e o génio criativo de Kirkman pode fazer com que o imprevisível aconteça, mostrando que ninguém, nem mesmo o protagonista, está a salvo.


Ver a série é recomendável, mas ler a BD é ALTAMENTE recomendável. Para quem gosta de filmes de zombies bem ao estilo George Romero vai-se contentar tanto com um como com outro.
Com apenas seis episódios, e uma segunda temporada agendada para o fim do ano, desta vez com treze episódios, pode ser ainda cedo para fazer uma avaliação da série. Contudo, e como este é o primeiro post acerca de séries "Live Action", pareceu-me mal terminar esta critica sem dar o meu parecer final.

OPINIÃO FINAL: A série é muito boa e bem fiel à BD, embora também tenha os seus momentos originais. Por serem apenas seis episódios até agora, não foi possível explorar por completo o psicológico de cada personagem, e algumas cenas e histórias aparte criadas na série acabam por encher os episódios e não criar um paralelismo com a BD. Esperam-se melhores aventuras deste grupo de sobreviventes.

NOTA FINAL: 8/10