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sábado, 6 de setembro de 2014

Literatura Iletrada - "O Filho de Odin" - 3ª parte

Meus caros leitores, este é daqueles momentos que eu temo a cada post que escrevo relacionado com este livro, e a razão está no facto de que a cada capítulo, a qualidade da história piora de forma significativa. Não estou a brincar. Se acharam que o primeiro capítulo foi mau, então ainda têm mais catorze níveis que mediocridade que vão piorando cada vez mais, acabando por nos deixar num estado de quase morte cerebral perante tamanha abominação. E eu sei que no post anterior eu disse que não me sentiria assim tão mal se abandonasse a crítica a este livro. E por que não? Outros já fizeram críticas tão ou mais engraçadas e informativas que a minha, o que iria eu acrescentar? Contudo, há alturas em que sentimos um chamamento vindo do nosso interior, uma vontade que se apodera de nós e nos leva a seguir o mesmo caminho que outros, no entanto através de outros meios. E é essa mesma vontade que me impele a criticar, achincalhar e insultar à força toda este pedaço de vergonha literária. Porque a opinião de cada um é subjectiva, e por isso todos podemos ter maneiras diferentes de ver uma mesma coisa, seja ela um livro, um filme, uma série, etc. É por isso que não só eu faço o mesmo que outros fizeram, que é criticar este livro de um ponto de vista pessoal, como também apoio que cada vez mais gente o faça. É interessante ver como as opiniões se dividem, como as pessoas pensam de maneira diferente, como podemos criar debates saudáveis e divertidos, desde que as pessoas aprendam a respeitar as nossas opiniões. Infelizmente, isso nem sempre acontece...


E é com isto que chegamos ao segundo capítulo de "O Filho de Odin", intitulado "O Salvamento."

"Jonathan recuperou os sentidos. Levantou-se e reparou que segurava a trompa de Odin."


Bem, já lhe ouvi chamar muita coisa, mas trompa... Bem, adiante.
Jonathan apercebe-se que está de volta à gruta onde se encontra a estátua de Odin. É então que uma voz lhe pede para destruir a estátua, e quando o rapaz o faz (reduzindo-a a pó com um único golpe de espada, vá-se lá saber como) eis que surge um bonito arco e uma aljava "com mais de cem flechas prateadas." Bem, boa sorte para carregar com essas flechas todas.

"Aproximou-se para pegar no arco, e mal teve tempo para entender o que estava a passar-se, quando sentiu o arco suspenso nas suas costas. Virou-se, e nesse momento uma luz saiu dos escombros. Jonathan voltou-se, de novo, e a luz incidiu directamente nos seus olhos. Sentiu uma dor como se alguém lhe tivesse deitado ácido sulfúrico na vista. Soltou um grito lancinante e, nesse mesmo instante, a dor passou - como se nunca tivesse existido."

Hããã... Alguém me explica o que acabou de se passar?

"O Sol estava quase a pôr-se, deviam ser sete da tarde do dia 26 de Maio. Olhou para as nuvens, agarrou na sua trompa de batalha e soprou. O som propagou-se por toda a planície."

Hããã... Planície? Então ele não estava na gruta? Como raio é que ele foi ali parar? Ele nem questiona onde está nem o que aconteceu? Alguém que me explique o que aconteceu, a sério, antes que me chateie.
Oh, parece que vem aí Arthos, o grifo...

"Io man, cummé! - saudou o grifo."


"Isto é incrível, tenho um grifo ao meu dispor, um arco mágico e acho que a minha visão está dez vezes mais desenvolvida que a das águias e a dos gatos - comentou Jonathan."

Ok, quando é que ficou estabelecido que ele tinha a visão mais desenvolvida? Não havia nada na narração que indicasse que essa capacidade tinha sido desenvolvida. Eu estou mais curioso em saber como raio Jonathan passou de uma gruta a uma planície, assim do nada. Isso é o que o incompetente do Zuzarte não nos sabe explicar. Em vez disso entregou de bandeja ao seu protagonistazinho querido mais um dos muitos poderes que só vão ser úteis enquanto o Zuzarte se lembrar deles.

"- Ah, aquela coisa verde acertou-te nos olhos, não foi? - perguntou Arthos.
- Sim... Como é que sabes?
- É óbvio! Fui eu que a fiz! Aquilo é um feitiço que os grifos desenvolveram, e consiste em dar a visão de um grifo a um aventureiro de bom coração; mas dói imenso.
-E o grifo que deu a visão não fica cego? - questionou Jonathan.
- Nããã... olha para mim, fiz aquele feitiço e continuo muito bem."

Ok, em primeiro lugar não é assim tão óbvio que tenha sido Arthos a criar esse feitiço. Se ele o tivesse feito, nunca teria tido dúvidas que Jonathan tivesse levado com a luz. E em segundo lugar, se tivesse sido mesmo o grifo a fazer o feitiço, nunca na vida o descreveria como "aquela coisa verde." Este diálogo mostra que Zuzarte não pensa na história com antecedência e decide inventar as suas tretas à medida que escreve. O resultado: uma confusão sem sentido.
Ah, e quando Arthos fala que o feitiço dá a visão a um aventureiro de "bom coração..." bem, sabendo o que sei agora, só me apetece rir perante tal mentira. Mais uns capítulos e verão que Jonathan tem tão bom coração como o Hitler.

"Jonathan olhou para o seu relógio de bolso. Eram 19h15, voltou-se para Arthos que observava o céu, fixou-o e sorriu."

Tão, mas tão mal escrita esta segunda frase... Contudo, não é isso que vou reclamar. Se for demasiado detalhista em relação a cada frase mal escrita neste canhenho, vou ter um livro muito maior que o "Storm of Swords." O que quero salientar aqui é a hora apresentada: 19h15. Lembrem-se bem deste pormenor...

"(Jonathan) A que velocidade consegues voar?
- À mesma de um F.16! - disse Arthos."

JÁ ME ESTOU A PASSAR CONTIGO, PÁ!
"- (Jonathan) Isto é fantástico, como é que consegues voar tão depressa? - perguntou.
- Comi feijoada ao almoço, daí a força que vem lá de trás - gracejou o grifo."

EH PÁ F...


AINDA MAL COMECEI E JÁ ESTOU COM VONTADE DE ESPANCAR ESTE PRETENSIOSO IMBECIL QUE TEM A MANIA QUE TEM GRAÇA! AINDA VOU NA 30ª PÁGINA E JÁ ME SINTO COM VONTADE DE TERMINAR ISTO TUDO AQUI E AGORA! NÃO HÁ PACIÊNCIA PARA ESTA PORCARIA DE ESCRITA MAL CAGADA. ZUZARTE, EU MANDAVA-TE PARA UM CERTO SÍTIO, MAS ACREDITO QUE JÁ O CONHEÇAS PORQUE FOI CERTAMENTE ONDE FOSTE TIRAR IDEIAS PARA ESTE DEJECTO MALCHEIROSO QUANDO JÁ NÃO TINHAS MAIS MATERIAL POR ONDE ROUBAR. NÃO PASSAS DE UMA TRISTE IMITAÇÃO DE ESCRITOR QUE SE JULGA O MESSIAS DA NOVA GERAÇÃO!
...
...
...
Ok, já me acalmei, mas não prometo que não volte a ter mais nenhum ataque de raiva destes. Bem, adiante...
Jonathan e Arthos lá vão a voar a grandes velocidades até que se deparam com uma rapariga a ser perseguida por um lobisomem. Se se perguntam como raio eles conseguiram ver tal cena de perseguição sendo que estavam a voar a grandes velocidades, então parabéns, conseguiram acrescentar mais uma pergunta à lista de questões que nunca serão respondidas.
Acontece que o rapaz lá decide salvar a rapariga, e em vez de pedir a Arthos para aterrarem, decide saltar de cima do grifo, assim do nada. E como esperado, cai mesmo em cima do lobisomem, ferindo-o. E será que o nosso herói se magoou na queda? Qual quê? Nem um arranhão, nem sequer uma nódoa negra. Aliás, para provar que a queda não o afectou, ele até dá um salto mortal. Como resposta ao ataque, o lobisomem diz qualquer coisa em worguês, a língua dos Worgs. Worgs? O que é isso? Será alguma raça criada por Zuzarte? Será que depois de tanto plágio, temos direito a uma espécie inédita de...

Pois, já seria de esperar.
Para se defender do ataque da criatura, Jonathan puxa do seu arco e dispara uma flecha contra o seu oponente, mesmo quando este último estava prestes a atacá-lo mortalmente, reduzindo o lobisomem a um monte de cinzas. É então que conhecemos a rapariga que Jonathan salvou do ataque do licantropo. E como esperado numa obra de fantasia medíocre, a rapariga é basicamente uma gaja podre de boa (e ainda por cima japonesa, saída dos sonhos mais húmidos do Zuzarte) e o futuro interesse amoroso/troféu do protagonista. Porque não é preciso ler o livro até ao fim para perceber que os dois vão ficar juntos. Mas também que se pode esperar da "imprevisibilidade" do Zuzarte?
Depois de conseguir convencer a rapariga a ir com eles, seguem os três para Badajoz, e mesmo sabendo que voam a grandes velocidades por planícies e florestas, não chegam logo à cidade, que fica mesmo ao lado da fronteira com Portugal. Em vez disso, decidem parar para descansar.

"Voaram pelas planícies e florestas até que Jonathan pediu para descansarem um pouco, enquanto Arthos fazia uma fogueira. É de salientar que os grifos têm a particularidade de possuírem olhos com raios laser que podem queimar tudo em que tocam."

E é de salientar que esta última frase está incrivelmente mal escrita. Ao lê-la imagino o grifo a buscar um par de olhos já com raios laser ao bolso e a queimar-se assim que tocava neles.
Bem, depois de tentar fazer com que a rapariga comesse e falasse, e depois de um curto diálogo com piadas irritantes de Arthos, ela apresenta-se como sendo Yoshizuki Takamoto, ou Iori.

"(Iori) O meu pai é um senhor do Japão (...)"

Curioso. O meu pai também é um senhor, só que de Portugal. A sério, ela quer com isto dizer que o pai dela é alguém importante no Japão? É que não sei que tipo de função o homem tem, e tratá-lo apenas por "senhor" não é lá muito esclarecedor.

"- (Iori) Uma noite, ouvimos um barulho vindo do seu quarto, quando fomos ver o que se passava... encontrámo-lo... morto... desculpa, mas não consigo continuar... - lamentou-se a chorar.
- A mais mortes Drácula responderá - garantiu o novo amigo, abraçando-a e acariciando-a na cabeça encostada ao seu ombro."

Ok, como sabes que Drácula foi o responsável pela morte do pai de Iori? Isso nunca foi estabelecido nem nunca foi desvendado ao longo da história. E para juntar ao leque de mistérios que nunca vão ser desvendados, que ameaça o pai de Iori representava para a "Grande Figura?" Ele só estava em Portugal para "fortalecer a aliança entre os dois países." E por que é que a morte dele não foi noticiada? Sim, eu sei que muito provavelmente foi noticiada e que provavelmente Jonathan e Uther não souberam disso antes desta viagem, mas não seria muito mais interessante ter essa notícia do que uma sobre o Dr. Frankenstein, que nunca mais será referido no livro? E sendo Iori filha de uma pessoa importante, isso não faria com que ela fosse dada como desaparecida e provavelmente toda a gente andaria à procura dela? Mas não. Todos estes aspectos passaram completamente ao lado de Zuzarte quando escreveu esta bosta. Ele só se importou em inventar uma gaja boa para poder ter em quem pensar enquanto se masturbava do que desenvolver uma personagem interessante e uma história trágica que seria tida em conta ao longo do livro. Em vez disso, o pai de Iori nunca mais será referido.

"A lua cheia brilhava por trás de uma brecha das nuvens; Jonathan olhou para a sua mão direita, depois para a esquerda, e viu pêlo prateado a crescer das suas mãos. Depois, as nuvens voltaram a tapar a Lua e o pêlo deixou de crescer e caiu."

Hããã... Alguém me explica o que acabou de se passar aqui? Jonathan está a transformar-se em lobisomem? Ele foi mordido pelo lobisomem/Worg enquanto lutava com ele? É que isso nunca ficou explícito na narração. Aliás, eu até diria que Jonathan nem na queda ficou ferido, quanto mais durante a luta contra a criatura.

"Jonathan reparou que na sua mão direita os pêlos prateados voltavam a nascer. (...) Jonathan começou a gritar e a levar a mão à cabeça. Orelhas de lobo começavam a crescer e os olhos castanhos tornavam-se azuis. As unhas transformaram-se em garras afiadas como tesouras e duras como aço.
Iori voltou-se para trás para assistir à transformação de Jonathan. Nuvens taparam a Lua e, por pouco, a transformação não se completava."

Mais uma vez lemos uma cena em que Jonathan está prestes a transformar-se em lobisomem. Quando é que ele foi mordido? Alguém me pode explicar o que raio se está a passar? Ah, e julgam que Jonathan vai explicar a Iori o que acabou de acontecer? Bem podem esperar sentados porque ele não esclarece nada... nem ela pergunta o que quer que seja...
Agora, para ser justo, esta transformação vai voltar a acontecer e a história sobre como Jonathan consegue fazê-lo vai ser contada pelo próprio. Mas como todas as coisas inventadas à toa por Zuzarte, essa situação só vai acontecer apenas uma vez...

No, I'm not, motherfucker!
"Minutos mais tarde, chegaram a Badajoz. Nenhuma luz brilhava na cidade espanhola. Nem uma."

E aqui está, senhoras e senhores: a brilhante capacidade descritiva de Zuzarte. Isto acontece bastante durante o livro inteiro. Já sabíamos que Zuzarte não tem qualquer tipo de originalidade naquele cérebro de ervilha, e a prova está na quantidade de plágio que já vimos até agora. E tal como uma pessoa que não sabe ser original, não tem capacidade imaginativa suficiente para poder descrever uma cidade, e por isso apenas diz coisas vagas que não contribuem para que consigamos imaginar como é a localidade onde as personagens estão. Não estou a dizer que quero parágrafos longos, que descrevem tudo ao maior pormenor, mas ao menos que nos dê uma ideia de como é a estrutura da cidade, tipos de casas, monumentos ou edifícios conhecidos, coisas assim. Por favor, Zuzarte, deixa de ser um preguiçoso e esforça-te um bocadinho!
É então que os nossos heróis chegam a uma estalagem chamada Javali Negro.

"Lá dentro, a estalagem estava repleta. Humanos, anões entre eles, halflings (hobbits), gnomos e elfos, todos coabitavam pacificamente."

Valha-me a santa. Assim nunca mais saímos daqui... Mais uma vez a frase está mal escrita. Para ficar bem, uma das formas como podia ficar seria: "Humanos, anões, halflings (hobbits), gnomos e elfos conviviam entre si pacificamente." E sim, "conviviam." Sim, eu sei que estavam numa estalagem e que é um lugar onde se pode pernoitar, mas o verbo coabitar é mais usado num sentido de partilhar o mesmo espaço de habitação, como se todas aquelas espécies estivessem a viver na mesma casa. Neste caso, estavam todos num espaço de convívio, logo não fazia sentido dizer que todos coabitavam.

"- Bom dia! - saudou o estalajadeiro, acumulando catarro e escarrando para o chão.
- Bom dia?! São oito da noite - espantou-se Jonathan."

Lembram-se quando vos pedi para se lembrarem da hora que estava no relógio de bolso de Jonathan, antes deste e de Arthos terem partido? Exacto, 19h15. Agora, chegados a Badajos, sabemos que se passaram quarenta e cinco minutos. Isso significa que eles "voaram até ao anoitecer", salvaram Iori do lobisomem, voaram por planícies e florestas, pararam para descansar, jantaram, rapaz e japonesa ficaram a conhecer-se melhor, voltaram a levantar voo e chegaram a Badajoz EM MENOS DE UMA HORA. Bem, temos aqui um novo recorde para o Guiness. Ou isso ou o Zuzarte não presta mesmo atenção ao que escreve. Eu fico-me pela segunda opção.

"O homem deu-lhe a chave com o nº 66, e conduziu-os ao quarto. Subiram as escadas até ao 3º andar e foi-lhes indicada a porta com o nº 69.
- Bem, boa noi... - susteve-se, reparando no número. - Só um segundo. - E inverteu o 9.
- Peço desculpas, o nº 6 desta porta está sempre a cair. Como eu ia a dizer, boa noite."

And this, folks, has been...


Jonathan e Iori entram no quarto e, com alguma surpresa, devo dizê-lo, o quarto até que não foi mal descrito. O rapaz abre a janela e contempla a cidade iluminada pelo luar, e quando se vai a virar dá de caras com Iori, despindo-se. Ele fica logo embaraçado e desvia o olhar, acabando por sugerir sair para a deixar mais à vontade. Mas ela pede-lhe para ficar.

"Jonathan voltou-se e esperava que ela já tivesse vestido uma camisa de dormir. Mas estava enganado; em vez disso, viu Iori em tronco nu. Perante a imagem ficou paralisado a olhar para ela e para o seu peito.
- Que foi? - perguntou ela.
- Wkrstksft - articulou ele, encantado com tanta beleza física.
Ela deu uma risadinha perante a cara de Jonathan e depois levantou-se. Estava completamente nua. Tinha o corpo de uma mulher adulta, embora não possuísse nem idade, nem altura.
(...)
- Veste alguma coisa, por favor - pediu ele, nervoso.
- O quê?
- Não tens outra roupa para vestir?
- Não. Além disso, gosto de dormir nua - disse cruzando os braços e sorrindo."

Valha-me Odin... Eu não sei o que é pior: se é reduzir uma personagem com uma história trágica a uma simples rameira que se entrega a qualquer um, se é do pobre coitado que vê ali uma gaja nua à frente, a atirar-se a ele sem pedir nada em troca, e não aproveitar. Eu tenho desprezo por autores que criam personagens apenas para servirem de troféus para os seus protagonistas. Neste momento, é isso que Iori é: apenas um objecto sexual tirado das mais húmidas fantasias de Zuzarte. O pai dela morreu? Que interessa isso, ela tem enormes seios. Ela nem se lembra mais dele durante o resto da história, nem tenta saber quem foi que o matou. Não, Zuzarte achou por bem transformá-la numa cadela com o cio, que se esfrega constantemente em Jonathan. E como Jonathan é o author avatar do próprio Zuzarte, já sabemos no que isto vai dar.

Acima: o Zuzarte enquanto escrevia esta cena.

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